5 de jun. de 2011

A casa

Nós moramos em uma casa grande, entre Todo Lugar e Lugar Nenhum. É uma construção grande e forte que cresce, a medida que nós crescemos.
Na verdade, nada acontece lá realmente. Ficamos apenas passeando pela casa e pelos jardins, à espera do dia em que poderemos sair. Nós podemos sair quando os escritórios das casas deixam, e lá vamos nós, às vezes em grupos, e outras sozinhos.
Quando nossos amigos voltam, eles nos contam suas histórias, tudo o que fizeram do lado de fora. Isso nos deixa animados e inspira a casa a criar mais de nós.
Não sabemos como funciona exatamente... Às vezes os bebês apareciam da nada, algumas delas sumiam tão rápido quanto tinham aparecido, e outras eram adotados e cresciam vagarosamente, ou rápido como um raio. Outras vezes, um garoto e uma garota, prometidos um ao outro, sumiam por algumas horas, e a garota voltava grávida, e não dava a luz até sair da casa. Outras vezes pessoas novas de qualquer idade apareciam do nada, em algum quarto ao lado e em outras vezes, não raras, essas pessoas nova já apareciam grávidas, e passavam logo a fazer parte da nossa rotina de espera.
A casa em si é uma construção estranha, quase tão estranha quanto o jeito que funciona. Começa nos dormitórios masculinos. Eles são formados de duas partes, a direita e a esquerda, que são quase iguais. Começam com a torre, de quatro andares, e no quarto, os quartos tem janelas grandes, e um formato diferente. Depois há o resto, os imensos corredores, nos dois andares até chegar à parte central da casa.
A parte central é onde passamos a maior parte da nossa espera, lá há tudo o que possamos imaginar e sempre que precisamos de algo acabamos encontrando. São três andares de banheiros, cozinhas copas, salas, saguões, salas de jogos, salões de baile, salas de aulas, jardins de inverno, piscinas internas, quadras de esportes, entre outros milhões de lugares onde podemos ficar de papo para o ar, ou nos ocupar enquanto esperamos a nossa vez de sair.
Andes do misterioso corredor que lava aos misteriosos escritórios, há os dormitórios femininos que são muito parecidos com os masculinos, mas não tem as torres, ao invés disso, são cinco corredores adicionais que apontam para cinco direções diferentes e cinco dos quartos têm tetos solares.
Não se sabe muito sobre os escritórios, só sabemos que é lá que a casa decide quem vai, quem fica, quem nasce e quem morrer. As pessoas que vão sair sempre têm que passar por lá, mas nunca nos contam como é.
Nós chamamos aquele lugar misterioso de Cabeça. Os dormitórios femininos, Braços. Os masculinos, Pernas. A parte central, Tronco. E nós, somos chamados Personagens.
Nos jardins, em frente ao portão há uma placa que diz:
"Seja muito bem vindo à nossa casa. Perdão se você esperar demais para sair, mas a vida de um escritor às vezes tranca algumas histórias inexplicavelmente. Espero que você aproveite o seu tempo de descanso.
Atenciosamente
Dono desse corpo"

Skitter - A maluca do  blog (Para visualizar esse corpo, deite-se, feche os olhos, e deixe a mente bem aberta =D)

3 de jun. de 2011

Não quero crescer!

Mais do que ser invadida, eu odeio invadir. Sempre odiei. Interromper, invadir, chegar atrasada, estar no lugar errada, dizer algo quando não fui solicitada, são coisas que me deixam nervosa sempre.
Estamos estudando na escola a guerra fria, que eu acho igual a todas as guerras. Invasões idiotas por desejo de espaço. Para que mais espaço?
Não estão satisfeitos com o que a natureza deu a eles? E vale a pena destruir a vida de milhões para imprimir papéis?! Isso é certo? Aposto se você perguntar a um político ele vai dizer que você é jovem e tem muito a aprender, que quando eu crescer, tudo fará sentido
Por isso eu não quero crescer.
Quero permanecer uma criança para sempre, feliz e inocente, debaixo das asas quentes da minha mãe e do meu pai, longe do desejo demoníaco do dinheiro e da ganância que eu infelizmente já comecei a ser infectada. Quero continuar preocupada com o mundo, não esquecendo das coisas porque deixaram de ser notícia, fazer perguntas engraçadas e ter que tocar tudo para realmente conhecer.
Ser teimosa e gritar com os joguinhos ridículos de ABC. Sempre achar que seu biscoito é menor que o do amigo ou do irmão, correr e rolar na grama, pular amarelinha na calçada e evitar pisar nas linhas. Ao atravessar a rua, pisar apenas nas faixas brancas ou só nas pretas, saltitando por todo o lugar.
Precisar de beijinho no machucado e faltar na escola por gripe. Chorar no Rei Leão e gritar pela mãe do Bambi. Roubar cobertura de bolo com o dedo indicador, e pular na cama elástica. Lamber o picolé e chupar balas de iogurte. Cantar Ilariê e inventar dancinhas para tudo.
Se só existissem crianças, despreocupadas e incentes, o mundo seria mais verde.

2 de jun. de 2011

Bom, eu adoro romances e isso é fato. Mas infelizmente eu sou uma Forever Alone, então não importa quantos textos sobre amor eu escrever eu não estou vivendo um romance ok?

Ela é o tipo de garota que sempre usa salto alto, e suas roupas sempre combinam.
Já eu sou o tipo de garota que usa tênis invariavelmente, e o jeito que me visto parece que meu guarda-roupas vomitou em mim peças aleatórias.
Ela é o tipo de garota que brinca durante a aula e depois se dá mal na recuperação.
Eu sou o tipo de garota que conta pequenas piadinhas enquanto copia a matéria do quadro negro e que nunca ficou em recuperação em toda a sua vida.
Ela é o tipo de garota que se corta, pela falta do amor dos pais, ou porque algo deu errado.
Eu sou o tipo de garota que tem horror a objetos pontudos, valoriza demais a vida para prejudicar o corpo, cujo amor dos pais é explícito e irrevogável, e que se algo dá errado, eu não me deixo abater.
Ela é o tipo de garota que acorda duas horas antes para fazer chapinha, arrumar a franja, se maquiar e leva meia hora para escolher uma roupa.
Eu sou o tipo de garota que acordo em cima da hora e visto qualquer coisa que vejo na minha frente.
Ela é o tipo de garota que tem uma risada falsa, só ri da desgraça dos outros, e precisa que os outros estejam mal para se sentir bem.
Eu sou o tipo de garota que ri verdadeiramente e exageradamente, e que ajuda quando pessoas caem ou sou empurradas por ela.
Ela é o tipo de garota que chutaria um cachorrinho se ele entrasse no caminho dela.

Eu sou o tipo de garota que adotaria qualquer cachorrinho, mesmo se fosse pulguento ou sarnento.
Ela é o tipo de garota que toma banho em notas de cem e vai ganhar um conversível se passar no vestibular.

Eu sou o tipo de garota que está sempre dura, mas sempre paga o que deve, e que vai ganhar o carro da mãe se passar no vestibular.
Mas no final das contas, não somos tão diferentes. Ambas somos seres humanos, que respiram e tem sentimentos. Na realidade só há uma grande diferença entre nós: Ela tem você.

Skitter - A maluca do blog