31 de dez. de 2011

Querido 2012...


"Querido 2012
Tire aquelas lágrimas que derramamos em 2011 e transforme em sorrisos. Pegue aquelas desgraças que aconteceram, terremotos, enchentes, e tudo de mal que nos assolou durante o ano que se passou e transforme em alegrias futuras. Pegue aquela solidão que aquele menino sentiu e transforme em amor que ele sente por aquela menina, sua cinderela. Pegue aquela distância e a diminua para que ambos possam ficar juntos. Cure os cortes nos braços errados. Transforme sapos em príncipes - porque todas estamos fartas de sapos - e falsos principes em sapos - para que aprendam a ser humildes. Cure corações partidos. Limpe a bagunça que deixamos e faça com que ela vire uma bela imagem. Faça milagres de se for possível. Faça com que aquelas pessoas que não acreditam neles, olhem para o céu e vejam a Deus sorrindo para eles.
2012, seja bom. Faça o fim valer a pena.
PS: Faça com que ele me ame."


Preguei a carta à árvore e voltei para o banco de pedra. A neve continuava caindo na nossa cidade eu apostava, mas não ali, no calor da Califórnia. O natal já tinha passado fazia 6 dias, e Papai Noel não tinha atendido o único pedido que tinha feito à ele. "Papai Noel, por favor, só quero ele de natal.". Quando acordei não havia nada debaixo da árvore, não que eu esperasse que ele estivesse lá. Já era grandinha o bastante para saber que Papai Noel era uma lenda inventada pelas lojas de departamento para vender mais brinquedos no natal, mas não custava tentar. Ultimamente, eu estava ficando sem opções.
Quero dizer, um dia ele teria que ver certo? Ele não era o mais bonito, suas roupas se limitavam à camisas xadrez, calças jeans e moletons soltos, e seus interesses à video games, discos de vinil e revistas em quadrinhos. Um nerd embalado para a viagem. Mas eu o amava. Era inteligente, engraçado, meu melhor amigo. Mas nada do que eu fazia o fazia ver.
Observei o a brisa fresca que vinha do mar balançar a carta presa e levantei-me suspirando. Tinha uma festa para ir. Não queria me atrasar.

Quando nosso carro chegou à praia, a galera do outro já tinha acendido a fogueira.
-Achei que tinham ficado presos na neve!
Gritou um deles de brincadeira, provocando Dave que estava no volante. Ele revirou os olhos e saiu do carro. Eu, no banco do carona desci atrás dele, e o trio de garotas escandalosas que vinha conosco desceram do banco de trás, rindo e tropelando-se umas as outras como se estivessem bêbadas.
-Nelly, você está bem?
Dave perguntou.
-Sim, porque não estaria?
-Por nada.
Ele respondeu dando de ombros.

Os fogos começaram a ser lançados por toda a praia, explodindo em milhões de formas e cores. As três meninas escandalosas, se agarravam no garoto que gritara para Dave e explodiam em gritinhos a cada fogo no céu, como se não esperassem por aquilo. Eu e Dave ficamos sentados no tronco ao lado da fogueira, olhando para o céu distraidamente.
-Então, quem é ele?
Dave perguntou, não mais do que de repente.
-Ele quem?
Perguntei. Ele estava fazendo perguntas estranhas naquela noite.
-Ele por quem você pede. Sua mãe me falou que estava preocupada porque você pediu "Ele" ao Papai Noel, e eu achei isso no parque hoje.
Ele disse levantando a carta.
-Pode ser de qualquer um.
Eu disse, ficando vermelha. Nunca imaginei aquilo daquele jeito.
-É a sua letra.
Suspirei.
-Ele é incrivel.
Eu disse simplesmente. Ele fez que sim, a boca virando uma linha fina olhando longe no mar. Ele tinha ciúmes, conclui com um gosto bom na boca.
-É mais alto do que eu?
Perguntou.
-Nem um centímetro sequer.
Eu disse sorrindo.
-É mais bonito?
-Não, não mesmo...
-É mais forte.
-Não.
-Então porque o quer?
Os fogos começaram com um barulho ensurdecedor, iluminando o céu com suas luzes coloridas de diversas cores. Todas as meninas começaram a gritar, e os meninos riam das reações delas. Ah que se danasse! Puxei-o para perto e o beijei. Se não entendia todos, pelo menos entenderia aquilo. Todos riram de nós e nos molharam de champagne gritando.
-E ele?
Ele perguntou.
-No ano passado eu escrevi uma carta pedindo por ele. Esse ano, começamos a narmorar.

24 de dez. de 2011

Natal

A neve caia absoluta por todos os lados, fofa como só ela poderia ser. Linda como a vida, gelada como a morte. Todos estavam dentro de casa, com seus perus recheados, porcos ou peixes feitos no forno e outras iguarias que só existiam na noite de natal. Mas não haveria isso para mim. Dentro de cada uma daquelas casas, árvores esperavam pelos presentes do suposto Papai Noel, e meias penduradas acima da lareira esperavam presentes e não carvão. Mas daquilo tudo, nada era para mim.
No orfanato o dinheiro era pouco, mesmo naquela época em que todos estavam dispostos a doar. Mal dava para ligar o aquecimento a noite para que pudéssemos dormir e acordar com todos os dedos no lugar. Não sobrava dinheiro par a árvore, meias na lareira, e nem mesmo para os presentes. Só recebiam aqueles que estavam em processo de adoção, que recebiam dos futuros pais adotivos, ou dos parentes que pediam suas guardas, tias e tios que lotavam o refeitório em dia de visita. Mas nada havia para mim.
-Mike, a árvore não tem folhas desde o outono. Posso te ver ai em cima.
Eu disse, dando um impulso leve no balanço com meu pé coberto por um sapato de boneca. Minhas pernas estavam geladas por estarem vestidas apenas com uma meia calça preta, mas a saia de lã, o suéter e o cachecol esquentavam o resto do corpo, sem falar nas luvas e no gorro preto. Acima de mim, Mike pairava nos galhos agora brancos da árvore, balançando as pernas alternadamente.
-16 anos. Achei que estava velha demais para balanços.
-17 anos. Acho que está velho demais para ficar subindo em árvores.
-Toucheé. - Ele disse, pulando para um galho mais próximo na árvore nua de folhas. - Vim ver o que estava fazendo aqui fora. É quase meia noite. Vamos começar a ceia daqui a pouco.
Suspirei.
-Então daqui a pouco eu vou.
Disse olhando longe, pensando onde estariam os pais que nunca vieram me buscar.
-Ainda está brava comigo?
Ele perguntou.
-Amanhã é seu aniversário, junto com o de Nosso Senhor. Não posso ficar brava com você.
Ficamos em silêncio por algum tempo. No dia seguinte, dia de natal, depois que Papai Noel tivesse visitado todas as casas do mundo, mas esquecido dos orfanatos, talvez pela vigésima vez seguida, Mike faria 18 anos. Então teria que arrumar suas coisas, e arranjar um jeito de se virar. Ele já havia arranjado um emprego, que começaria depois dos feriados, mas ainda precisava de um lugar para morar. E ainda havia outra questão. Eu.
Havíamos crescido juntos. Passáramos por 16 natais, e em cada um deles, dávamos um jeito de trocar presentes. Uma pedra por uma concha daquela viagem a praia. Uma pipoca do não estourada do fundo da panela, por um remendo para a roupa. Mas agora, no nosso 17º natal, ele iria embora e provavelmente nunca mais iriamos nos ver.
Ele iria para Nova York tocar seu violão nas ruas, e eu iria para Harvard, tentar Advocacia ou Medicina. Nossos destinos não estavam destinados e se entrelaçar. Mas isso não me deixava brava. Me deixava deprimida.
-Quem diria. Acho que é o natal que mais nevou desde que estamos aqui não é, Linda?
-Acho que sim.
Respondi. Ficamos mais um tempo em silêncio. Ele pulou da árvore e parou o balanço.
-Eu te trouxe uma coisa.
Porque não ia embora logo? Se era para passarmos o natal longe um do outro, porque não ia de uma vez? Mas minha curiosidade me fez levantar do balanço.
-O que?
Eu não tinha nada para ele. Estivera tão chateada que não tinha revirado a casa atrás de alguma coisa que pudesse lhe dar.
-Olha para cima.
Quando olhei, um único tom de verde e vermelho chamou minha atenção na árvore desnuda de folhas. Um galhinho de visco estava amarrado no grosso galho onde o balanço estava amarrado.
-Você é um idiota sabia?
Perguntei, deixando um sorriso escapar.
-Posso ser um idiota, mas esse ano, eu sou seu presente de natal, Linda VonCliff.
Ele disse chegando perto e extinguindo a distância entre nós, brindando ao aniversário de Nosso Senhor com um beijo.

Feliz natal leitores e leitoras do meu Brasil varonil e do meu Blogzil maluquil... Um beijo! E até o ano novo! Ah e caso eu tenha leitores judeus, feliz Hannukah! (É assim que escreve não é? Perdão se estiver errado).
Skitter - A Maluca do Blog
Razz - A Voz da Razão

15 de dez. de 2011

À Batalha

-Senhor, estão todos posicionados, apenas esperando pela sua ordem. Sua rainha está ao seu lado, não se preocupe. Se houver algum problema realmente sério, seus fiéis conselheiros também estão prontos para o que der e vier, ninguém nunca sairá do seu lado, até o amargo fim. Os cavaleiros portando seus estandartes também irão ao seu lado senhor, ágeis como nenhum outro. Se a coisa chegar até eles, tenha certeza que darão conta dos recados. O que? As torres? Carregadas de arqueiros. Sim senhor. Prontas. Os guerreiros estão em posição. Não parecem importar muito, mas todos estão aqui, prontos para vencer ou morrer tentando pelo senhor.
-Olhe meu rei, parece que o exército inimigo está pronto. Devemos começar?


-Ah sim. Estamos prontos para começar. Não terei medo e jamais desistirei. O jogo só acaba, quando ou eu ou meu oponente estivermos mortos. AVANTE CAVALEIROS! LUTEM PELO SEU REINO!!!

Então gente, esse mês a Turma da Mônica Jovem fez uma edição ao estilo manual de xadrez, o que me desagradou um pouco, mas inspirou pacas. Então... Como perceberam, sim é um jogo de xadrez de que se trata o texto e não, isso não é jogo de velho. Já perdi horas - perdendo - com o meu pai. É ótimo para a mente, e uma mente sã...
-Não escreve bons textos.
Por isso eu sempre perco, querida Razz.
-Sim, é por isso. ¬¬

Skitter - A Maluca do Blog (Que perde no xadrez exclusivamente para que vocês recebam minha maluquice!)
Razz- A voz da Razão (Ela perde porque é ruim mesmo)

10 de dez. de 2011

Madrugada

Então, sabe aquelas noites que você não consegue dormir? Em que seus irmãos estão assistindo um filme de guerra na sala e você está deitada na cama, ouvindo os tiros, pensando na morte da bezerra? Quero dizer, não que haja morte de bezerras em filmes de guerra... Vocês me entenderam... Bem, cá estou eu, extamente 23 horas da noite de um sábado, acordada, de pijama, banho tomado, dentes escovados, porém em uma cama que não é minha e que fica ao lado de um computador. Claro que tentei fechar os olhos e pedir a mim mesma que não olhasse para o computador, mas meu instinto de blogueira falou mais alto.
O computador ligado no mesmo quarto que você é como uma torneira pingando em algum lugar da casa. Aquele ping ping faz você se questionar de onde ele vem, se há defeito na torneira, de onde veio a primeira torneira, será que os aliens tem torneiras? Torneiras poderiam dominar o mundo e se podem, qual o sentido de vivermos aqui nesse mundo azul cheio de águas que descem por canos até as torneiras que pingam durante a noite? Mas com um computador, a coisa é um pouco melhor e vai menos longe, porque quando criamos a coragem de sentar a frente do monitor que ilumina nossos rostos com sua luz azul, o sábio Google está lá para nos orientar e atender às questões como porque as bruxas são ligadas ao mal, e porque o quarto livro de Eragon existe quando Christopher Paolini prometeu que seriam 3 e porque demora TANTO para ser traduzido.
Em resumo, não há nada que seduza mais na face da terra do que o zum ininterrupto e baixinho de um computador que não está sendo utilizado. Pelo menos não para uma escritora. A não ser é claro que meu lado adolescente fale mais alto, e a cama grite por mim, mais alto que o sussuro do monitor.

Ping Zum Ping Zum Ping Zum...

Skitter - A Maluca do Blog