31 de out. de 2011

Feliz Halloween!

Feliz Halloween leitores! É dia de comemorar, decorar a casa, preparar a fantasia e quando o dia cair, revirar a vizinhança a fim de arrancar doces de todos os adultos e se eles não tiverem oferecer umas travessuras... Para nossos amigos americanos, é claro. Para nós brasileiros, restou os filmes de terror e as tentativas dos canais adolescentes de filmes de terror. Para mim, não sobrou nada porque terror não é comigo. Mas de qualquer modo, aqui vão algumas coisas que vieram da minha brilhante mente.


É Meia-noite, e o relógio bate na torre. Doze badaladas e tudo acaba, e o silêncio volta a reinar na noite escura. Botas levantam a poeira por onde passam e a poeira gruda na capa que se esvoaça atrás do homem, que é a única vivalma que caminha pelas ruas da cidade, todos estão trancados dentro de casa, com medo, esperando que aquela noite passe logo. Era ali, passaram-se alguns anos mas ele ainda podia se lembrar, quando as folhas ainda estavam nas árvores, as abóboras não passavam de brotinhos e as maçãs não mostravam-se em sua fartura vermelha nas árvores. Fora ali que a vira da última vez e onde tinha que retornar se quisesse vê-la de novo.
Ele andou até a torre do relógio. Não tinha tempo, a lua tinha que estar no ápice, a bruxa dissera, caso quiser que dê certo. Sabia que não encontraria ninguém na torre do relógio também, desde que ela se fora, as pessoas evitavam a torre a qualquer custo, como se ela pudesse algum dia machucar alguém. Ele ajoelhou-se no chão e acendeu as velas que acenderam na chama verde característica das bruxas, e sua sombra bruxuleou na parede. O que estavas fazendo? Devia mesmo envolver-se com aquilo? Ela se fora, se fora, e para sempre! Ele estava apenas se enganando chamando-a novamente. Porém era Halloween, era a noite perfeita, a única em que tudo poderia acontecer. Ele não passava de um amante desesperado enquanto colocava seu retrato e chamava seu nome baixinho.
Logo, sua sombra não era a única a danças nas paredes, e ele soube que ela estava ali. Estava exatamente do jeito que havia visto da última vez antes de morrer. Flores trançadas em uma tiara no cabelo ruivo, e o vestido branco que depois da morte esvoaçava-se ao seu redor enquanto ela flutuava até o chão. Nunca esqueceria o dia da sua morte, quando levantara uma manhã para encontrá-la onde sempre se encontravam, na torre do sino no último andar porém quando atravessou a porta da torre encontrou-a no chão, caída, pálida como uma boneca de cera. O coração deu um pulo ao vê-la novamente, sorrindo com os lábios carnudos e olhos castanhos, sentira falta daquele sorriso, como sentia falta da respiração naquele momento.
-Você... Deu certo.
-É claro que deu Darren. Você me chamou, eu vim.- Ela disse com simplicidade sentando-se sobre os joelhos. - Mas o que está fazendo? Chamando espíritos? Te queimarão na fogueira se for pego.
-Não me importo, não importa! Eu só precisava... Ver você de novo... Saber que estava bem. Você está?
O olhar dela se tornou triste e pesaroso e ela brincou com as chamas nos dedos. Darren quase abriu a boca para pedir que ela tomasse cuidado para não se queimar mas então se lembrou que ela não podia mais sentir. Não havia pele revestindo sua alma que pudesse ser queimada. Aquelas limitações não pertenciam mais ao mundo dela.
-Não Darren eu não estou bem. Eu me fui cedo demais. Um simples escorregão numa viga e tudo acabou. E é tão frio desse lado. E frio é a única coisa que podemos sentir.
Ela levantou a mão e ele a tocou. Mas apenas sentiu o ar da noite que vinha da porta que deixara aberta. O calor que existira nas mãos que cansara de segurar e beijar não existiam mais, ele não podia senti-la. Era como se ela fosse apenas um sonho bom, que nunca tivesse existido de verdade.
-Viu? Não sinto nada.
-E as outras almas? São boas para você?
-Não sinto vontade de estar com as outras almas - Ela disse com um suspiro. - A maioria é triste demais. E não quero ficar mais triste do que já estou. Sinto sua falta.
Ele não queria que ela sentisse falta dele, queria estar com ela para sempre. Queria poder tocar sua mão e sentir. Queria poder ficar com ela de dia e de noite e nunca, jamais perdê-la como a perdeu naquele dia, naquela mesma sala. Desistiria de tudo e todos se fosse para ver os olhos dela todos os dias e brindar com um beijo ao seu sorriso. Tinha um jeito, mas... Ele estaria pronto para isso?
-E elas... Você pode senti-las?
Ela fez que sim, enrolando um cacho do cabelo ruivo no indicador, imaginando o que ele estava planejando. Ele levantou-se e pôs-se a subir as escadas, um degrau de cada vez. Ela também se levantou e o seguiu, finalmente entendendo o que ele pretendia fazer. Não podia deixar que o mesmo acontecesse com ele não podia! Tudo tinha acontecido com ela tão rápido! Ela nem tivera a chance de escolher, e se tivesse não escolheria aquilo. Ele não podia, não podia. Mas quando disse isso a ele, enquanto ele sentava-se na viga e respirava fundo ele só balançou a cabeça e disse:
-Não sei como não pensei nisso antes.

No dia seguinte, todos acordaram sentindo um cheiro de morte. Encontraram o corpo do rapaz na mesma posição em que encontraram o da moça no ano anterior, porém haviam velas abaixo dele. Ele havia deixado a vila assim que a moça havia morrido, e ninguém entendera porque esperara um ano para voltar e se matar. Porém, nos portões do céu, a doce moça esperava o seu querido amado, aceitando a escolha dele. Para eles, nada fazia maior sentido. Agora, ficariam juntos para sempre.




4 comentários:

  1. Isabella
    parabens...esse conto está maravilhos!!!
    mamãe

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  2. So um detalhe... existe uma teoria religiosa de quem tira a propria vida não vai para o ceú. Mas, como é um conto...rs.. e nele tudo pode...vamos sonhar com o possivel para o amor que tudo transforma...não é mesmo???
    te amo!!! miha querida escritora.

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  3. Acho que já que foi por amor Deus abriu uma excessãozinha hehehe

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  4. Ola meu nome é Cleidyane escrevo desde meus 12 anos e sonho ser escritora acabei de abrir um blog e por acaso acabei de achar o seu, postei minha primeira historia e sinceramente amei o seu blog, poderia tambem ver o meu e dar uma opiniao? preciso de uma ajudinha e agora que postei uma historia...Bjos e abraços
    Anny

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