9 de mai. de 2012

Agora, se beijem!

Conhece esse meme? Provavelmente sim. Bem, ele foi a inspiração para o texto de hoje. Espero que gostem. Com certeza, todo mundo tem, já teve, ou vai ter um colega implicante como esse:

                -Ai eu disse, não acredito! E ela disse como assim? Ai eu disse, é isso ai! E ela ainda teve a cara de pau de olhar na minha cara e dizer...
                Fui interrompida por uma pancada no ombro. A minha frente, William continuou correndo, agora de costas para receber a bola de futebol americano que o amigo lançou para ele detrás de nós.
                -Seu grosso! Por acaso é cego?
                Perguntei interrompendo minha história sobre a vadia da Barbra se achando melhor do que eu só porque papai tem graninha. Cat não disse nada, só cruzou os braços e calou-se. Minha amiga não gostava muito de confrontos. Eu também não, mas quando se tratavam de William, eu fazia questão de travá-los com as melhores armas que pudesse arranjar.
                -Duas esquisitas no meio do campo. Isso é totalmente contra as regras.
                -Para a sua informação, - Eu disse ameaçando espumar pela boca - Isso não é um campo de futebol, é uma calçada pública.Que, caso a sua mente retrógrada e paleolítica não saiba o que significa, quer dizer que pertence a todo mundo!
                Ele deu de ombros e mostrou a língua para mim e atirou a bola de volta ao amigo de trás, recusando-se a ir embora. Revirei os olhos. Muita maturidade. Virei-me para Cat, decidindo ignorá-lo completamente. Era o que minha mãe sempre me disse para fazer em situações assim. Afinal, veneno só faz mal se você engole.
                - O que eu estava falando mesmo? Ah é, da Barbra. Ai ela ficou tipo assim, tá falando sério? E eu perguntei, tá falando comigo? E ela ficou tipo, o que?
                A bola que William e o amigo trocavam acima de nós caiu bem nos meus braços, entre meus livros e meus seios. Levantei os olhos irritada, congelando William com o olhar e internamente destruindo-o com um raio laser roxo. 
                -Devolve ai, Magnólia.
                Ele pediu, batendo palmas. Aposto que assim que eu jogasse para ele, ele faria uma piadinha sobre como eu era fraquinha. Olhei para o lago que corria ao lado da calçada e troquei um olhar com Cat. Por um segundo pude vê-la implorar que eu não fizesse, mas depois ela revirou os olhos, sabendo que eu ia fazer. Joguei a bola lá embaixo, acertando diretamente na água barrenta, fazendo-a espirrar em várias direções. William olhou lá para baixo, chocado por um segundo, mas então empurrou meu ombro com as duas mãos, desenganchando meu braço do de Cat, que tapou a boca, assustada com a reação do meu arqui-inimigo.
                -Você está louca é? Só pedi para devolver a bola! Qual o seu problema?
                -Você!
                Respondi sinceramente.
                -E o que eu fiz para você?
                -Bem, para começar você nasceu. E me chama de “coisa, esquisita, e nojenta” desde que eu consigo me lembrar. Você costumava jogar suco na minha roupa para dizer que estava urinando ou suando. Você insiste em esbarrar em mim nos corredores. Você insiste em jogar uma bola em mim em toda aula de educação física. Quer que eu continue, ser odioso?
                Ele me empurrou novamente.
                -Ora eu devia...
                -Ir buscar sua bola que a correnteza vai levar?
                Terminei a frase para ele. Com uma carranca assustadora, ele e o amigo começaram a descer o barranco. Enganchei meu braço no de Cat e voltamos a caminhar na direção da escola. Assim que estávamos à uma distância segura, voltamos a falar.
                -Dá para acreditar nisso? - Perguntei exasperada. Cat suspirou. – O que foi isso?
                -Nada.
                Ela disse baixinho balançando a cabeça.
                -Vamos lá. Desembucha.
                Ela suspirou novamente e me encarou com os tímidos olhos verdes faiscando.
                -Olha, eu sei que o que eu vou dizer você já ouviu. Todo mundo fala isso mas é verdade. Ele te irrita desse jeito porque ele gosta de você. E você gosta dele.
                Senti-me ultrajada, difamada e violentada. Sim, eu já ouvira isso. Já tivera que aturar musiquinhas, risinhos, perguntas desconfortáveis, e os longos discursos da minha mãe. Mas eu nunca imaginara que a minha melhor amiga, a criatura mais fofa, afável e tímida da terra teria coragem que cometer uma atrocidade dessas. Eu, apaixonada pelo William? Era mais fácil porcos voarem! Sacudi o braço e saí a passos pesados.
                -Maggie! Espera! Desculpa!
                -Acabou tudo entre nós, Catelyn! Agora você vai assistir Game Of Thrones sozinha, e jogar badminton sozinha... E twittar sozinha! Vou dar um baita unfollow em você! E no tumblr também! É!
                Eu disse, magoadíssima, cruzando os braços e correndo.

                Meu mau-humor devido à briga com Cat teve uma pausa quando William e seu amigo entraram na sala com uma autorização. Eu não pude evitar de rir. Ambos estavam encharcados, mas William estava pior. E fedia. Havia folhas e lama pingando de seu cabelo e eu tinha certeza que era uma minhoca caminhando em seu ombro. O professor os mandou para o banheiro para se lavarem, e antes de sair, William lançou um olhar assassino para mim, enquanto eu me dobrava de rir sobre a mesa.
               
                Quando o sinal bateu, sinalizando o fim da aula de física, William estava de volta, de cabelos molhados, porém não mais sujos e de roupa limpa, que ele provavelmente devia ter no armário. Assim que o professor deixou a sala, ele veio diretamente na direção, como um míssil.
                -VOCÊ! – Ele gritou marchando na minha direção. – Sua garota imprestável! Porque fez aquilo com a bola nova que meu pai me deu? Eu estou fedendo!
                Observei-o de cima a baixo e soltei um risinho cínico.
                -Nada mudou.
                Eu disse dando de ombros. Ele se aproximou, puxando minha camiseta, como se planejasse me bater.
                -Sua irritante! Eu não fiz nada para você!
                Dei um tranco para que ele me soltasse.
                -Me solta, seu Neandertal!
                -Babaca!
                -Insignificante!
                -Nerd!
                -Implicante!
                Cat surgiu do nada ao lado da nossa discussão.
                -Que droga, se beijem logo!
                Ela empurrou William para cima de mm. Ele estava tão próximo que seus lábios foram direto de encontro com os meus. Por um segundo, a relutância de ambos os lados por palpável. Ele chegou a morder minha língua. Mas antes que eu ordenasse que meus braços o tirassem de cima de mim, sua língua invadiu minha boca sem a minha permissão. Ou William era um beijador desajeitado ao extremo (O que era bem possível), ou aquele beijo era um acidente completo. Mas ainda assim, por alguns momentos eu simplesmente aproveitei. E me atrevo a dizer que gostei. Que gostei de beijar William!
                Abri os olhos e o vi próximo demais. Ele abriu os olhos ao mesmo tempo, quebrando o encantamento que criava uma bolha de silêncio ao nosso redor. Todos na sala aclamava, se empurravam e acotovelavam para nos ver. Empurrei William para longe, não querendo que todos me vissem com ele.
                -Ui! Eca! Sai daqui! Eu te odeio, lembra?
                Ele se recompôs do empurrão, parecendo confuso por alguns segundos e depois voltando à carranca inicial.
                -É . Eu também te odeio!
                Disse, se afastando. Percebendo que o conflito e o beijo tinham acabado, nossos colegas começaram a dispersar. Quando encarei Cat ela me lançou um sorrisinho que claramente dizia “eu te avisei” e foi se sentar. Confusa, endireitei-me na cadeira, tocando meus lábios com a ponta dos dedos e corando. Eu tinha mesmo, perdido o meu BV com o William?!
                -Ei Magnólia! – Chamou William atrás de mim. Virei-me para ele – Quer dar uma volta qualquer dia?
                Ele perguntou sorrindo. Fiz que sim.
                -Claro. Eu vou adorar.
               
                


4 comentários:

  1. rs... è bem a sua cara... to achando essa sua personagem meio.... bipolar?? KKKKKK Creio que os adolescente são estressados ..não é mesmo?
    adorei vou divulgar.
    beijão
    Mamis

    ResponderExcluir
  2. Oi Isabella,

    Que menina inteligente.. Ainda nao li tudo, pq é bem compridinho. Tentarei ler amanha e te dou o meu parecer.. Beijao Sandra ( amiga da tua mae )

    ResponderExcluir
  3. Meninas pensantes....Sujeitos pensantes...Ah! Como isso é bom.....Parabéns pelo texto... Adorei!

    ResponderExcluir
  4. Senti-me ultrajada, difamada e violentada.

    Achei o violentada um pouco forte, já que é uma das sensações mais horríveis na face da terra você ter alguém sobre vc a forçando a fazer coisas que não quer. Foi a única palavra que não achei cabível no contexto todo.
    Parabéns menina, você vai longe!! Adorei o conto, bem adolescente, real.

    ResponderExcluir