21 de ago. de 2012

O Pombo

-Será que a gente mexe nele?
-Não Ju, deixa ele lá. Está morto.
A Ju se remexeu no banco ao meu lado, inquieta. Nós estávamos esperando o ônibus que nos levava da escola para casa. E isso geralmente ocorria sem incidentes. Nós duas colocávamos os fones e só tirávamos para nos despedir, já que a minha casa era um ponto antes do dela. Porém naquele dia, justo quando eu tinha baixado a música mais legal de todo o universo para o meu celular e queria escutá-la até meus ouvidos sangrarem, ele precisava aparecer.
-Mas... Mas e se alguém passar em cima ele.
-É um pombo. Morto. No meio da rua. As pessoas não são cegas, Ju.
-Ah, vai Bia... Tadinho. Olha o coitadinho ali. Imagina se um dia te atropelassem e duas meninas ficassem te olhando ao invés de te tirarem da rua antes que esmagassem todo o seu corpitcho?
-Elas iam chamar a polícia. Se elas mexessem, seria interferir na investigação.
Ela revirou os olhos e cruzou os braços, ainda irritada, se recostando no banco do ponto. Alegremente coloquei meu fone, pronta para apertar o play. Mas minha intuição estava certa ao dizer que aquele assunto ainda não acabara.
Como que dotado que um imenso poder vampírico de audição, o cara fez. O cara realmente fez. E quando a Ju viu o que ele ia fazer, agarrou na minha mão com a unha e gemeu de um jeito bem indigno. Sim, o cara passou em cima do pombo. Bem no meio. Foi um barulho bem estranho. Eu imaginei algo meio série de zumbi, mas foi mais um ploc. E agora, no meio da rua, tinha um poça de sangue. Naquele dia, a Ju ficou mal. Tipo mal mesmo. Catatônica. Eu não sei o que deu nela, mas a morte do bichinho realmente mexeu com ela, justo naquele dia que ela estava super feliz mais cedo.
A adolescência as vezes é assim. Uma coisinha tira a gente do eixo...

Skitter - A Maluca do Blog (Só uma coisinha que eu achei que valia a pena comentar... Sei lá. Logo outra história de amor. Prometo).

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