10 de nov. de 2010

Eu, o taxista, e a fuscorrida.

Taxista era um cara bacana, de bem com a vida, boa pinta, todas as mulheres caiam na dele, e os amigos morriam de rir das suas piadas. Honesto, e trabalhador, seu verdadeiro nome era José João, mas ele era taxista à tanto tempo que ninguém que ele conheciase lembrava mais. Até a mãe o chamava de taxista.
O único defeito de Taxista, é que dentro do taxi, diante dos passageiros, pessoas desconhecidas, e as vezes bem humoradas, ele empacava. Não falava nada, ficava duro, e se falassem com ele só receberiam respostas monosílábicas. Começar uma conversa? Nem pensar! Assim que ligava o taxímetro sua personalidade desaparecia  que nem guarda-chuva e chave de casa.
Um dia, foi escalado para buscar uma garotinha de 6 anos e levá-la de um lado à outro da cidade. Como de costume, quando ela entrou ele congelou. Sua missão estava clara e ele iria cumpri-la até que...
-Vamos brincar?
Perguntou a inocente voz fina. Taxista congelou. Se dissesse não pareceria grosso com a garotionha que provavelmente daria a maior corrida do mês, e se dissesse sim iria ter que falar durante o trabalho o que ele não fazia frequentemente e não estava muito a fim de fazer.
-Depende, do que?
-Fuscorrida.
Respondeu.
-O que é isso?
Perguntou, irritado.
-Funciona assim - Ela explicou, gesticulando com as mãos como um italiano - Quando você vê um fusca você grita: FUSCA! E marca um ponto, quem tiver mais pontos quando desligar o carro ganha.
Parecia tentador. Resolveram apostar. Se ela ganhasse, metade da corrida por conta do Taxista, se ele vencesse valor integral como se nada houvesse acontecido.
-Fusca!
Ela gritou, sobressaltando-o. A personalidade compatitiva de Taxista começou a vir à tona.
-Mas você não disse já!
-O carro está ligado e o taxímetro rodando, quandos Jás você quer mais?
A partir daí, começou uma batalha sangrente que nenhum dos dois queria perder, para encontrar o fuscorredor mais apto, Taxista podia conhecer o local, mas os olhos da garotinha eram rápidos e bem treinados como um par de safiras mecânicas. Cada fusca que achava, a compétitividade4, o orgulho, e o prazer de brincar de Taxista voltava à tona.
Pela primeira vez, ele jogou a cabeça para trás e riu... Dentro do taxi. Chegando ao destino instruido pela mãe da garotinha, ela tinha vencido de lavada, 20X9. Pagou a metade e desceu do carro.
-Perai - Chamou o Taxista - Qual é o seu nome?
-Skitter.
Esse foi o nome que guardou para o resto da vida. No dia seguinte, sua missão era levar uma garota a uma festa de quinze anos. A animação do dia anterior havia desaparecido e ele travou qaundo a garota adentrou o carro, mas por ironia do destino, um fusca passou ao seu lado e ele gritou:
-Fusca!
Sobressaltando a menina.
-Eu sei! Porque gritou isso?
-Por acaso já ouviu falar em fuscorrida?
E a partir daquele dia, dentro ou fora do taxi, sua personalidade continuava a mesa. E assunto nunca mais faltou.

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